quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Forno Multidisciplinar do ideal-real

Educar (a si e/ou ao outro) exige abertura de percepção, disposição para o novo e clareza para arquitetar informações em conhecimento.
Difícil estabelecer, para essa aprendiz da educação, onde acaba a comunicação e começa a educação.
Se ambas fossem áreas dicotômicas, uma nova plataforma não seria capaz de exigir transformação de conteúdo e revisão de perfil de seus operadores.

Como a ciência da comunicação estabelece visões com contribuições da sociociologia e psicologia, em especial, ao buscarmos compreensões quanto ao impacto e funções da comunicação encontramos a educação como pilar; e ai há simbiose.
Ainda sob a ótica comunicacional, a internet é o primeiro meio de comunicação interativo, mensurável e capaz de estimular os sentidos amplamente, com suporte ao conteúdo instantâneo.
No ponto de simbose, isso altera a percepção para com a educação; a qual, num passado hipotético, trazia através da escola "o novo", a descoberta (Nietzche), e agora encontra uma plataforma mais adequada para a grandeza que se propõe, na realidade que se apresenta (o homem digital e a sociedade do conhecimento).


Com a contribuição multidisciplinar, de bases sociais, observa-se, na experiência acadêmica que se apresenta inicialmente este blog:
1. A EaD está muito presente entre professores, mas interação efetiva, com real debate sobre o tema aparece de forma supercial, numa necessidade de "se fazer ouvir".

2. Muito se fala sobre a responsabilidade do MEC na fiscalização, especialmente quanto à qualidade dos cursos oferecidos a distância. Particularmente pontuo que os professores deveriam ter condições de análise e voto sobre a qualidade também, numa tentativa de avaliar eticamente as instituições. Seleciono o caso da Publicidade, uma atividade auto-regulamentada que poderia emprestar autonomia e liberdade no que tange à organização, representação e atuação da Educação.

3. O número de estudantes em EaD está próximo de 1 milhão. Acredita-se (via MEC) que essa marca será alcançada até o final do ano. O tempo digital é, em absoluto, diferente do tempo analógico, do ensino regular, com sinal de entrada e padronização. Como ocorre no mercado, são os clientes que impulsionam as mudanças das empresas. Com a educação é o mesmo processo. Há demanda que já aceita a importância social e principalmente econômica do saber. Novos acordos sociais (e ai incluem-se os educacionais) estão sendo forjados. O corre-corre acontece nos bastidores: estamos preparados?

4. Nessa linha de demanda impulsiona mudança, temos a prefeitura de São Paulo obrigada a aceitar diplomas EaD. A prática se mostra menos idealista que a teoria.

5. Ao pesquisar no Google Insights identifica-se 2004 como ano de maior procura sobre o tema na internet, mostrando-se em queda (apesar do número de estudantes crescer. Talvez isso aponte para a credibilidade da área . Ainda hoje o Brasil lidera o país de buscas. Curioso observar o crescimento repentino (palavras do próprio google) para educação superior e graduação a distância. Maranhão, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul apresentam-se como os Estados de maior busca. Veja aqui a pesquisa. Em paralelo, ao pesquisar Mestrado a distância, Ceará se destaca. Doutorado ainda não aparece de forma relevante nesse tipo de pesquisa.

6. No mesmo google insights, pesquisei professor ead. Aumento exponencial a partir de 2006 (fins), até onde a pesquisa era basicamente nula. Numa previsão feita pelo próprio google, a expectativa é que as buscas sobre o tema aumentem em 2012. Bahia lidera como local de maior procura pelo tema.


Todas essas questões, montadas de forma similar a um mosaico, abrem vieses para os agentes da orquestra social: professor, aluno, setor privado, setor público, artes.
A adptação a um novo meio pode ser vista como uma nova extensão do homem (McLuhan), já transformado pelo jornal, rádio, telefone e televisão. De gerações de comunicação unidirecional um novo paradigma se estabelece, do aprender a empreender (aceitando o conceito de educação como empreendimento de si). Nessa configuração, a relação transacional (do "negócio" em educação: aluno paga-aprende; professor recebe-ensina) não se encaixa na nova plataforma. A distância física poderá possibilitar concentração e disciplina. A logística do tempo, auto administrada poderá viabilizar a qualidade de vida.
Porém, nesse novo paradigma exige-se maior maturidade e, até certo ponto, destreza social. De todos os agentes envolvidos.
O pensamento do "vou encaixar que dá" e a crença da facilidade na EaD mostram-se preconceitos de um pensamento tradicionalista, enraizado na educação servil, numa esteira industrial.

Mais do que instrumentalizar os já professores, é preciso estabelecer, quiça, um marco zero na "educação virtual". Da mesma forma, aceitar que há um novo universo a ser explorado e despir a Educação da politicagem.
Efetivamente, quantos professores dominam o ambiente virtual? Têm uma "vida online"?
Quantos já trazem conteúdos dinâmicos em suas aulas presenciais?
Quantos conseguem minimizar o 'eu' da equação no ambiente virtual?
- Quantos foram preparados para isso?
- Quantos são? (para esses leões virtuais)

A educação a distância deveria, numa análise idealista, ser reflexo de uma educação presencial de qualidade, agora com motores modernos, capazes de abrir portas em tempos condizentes com a nova lógica.

Essa breve experiência traz a urgência do tempo virtual e a necessidade da maturidade; estabelece novas possibilidades de trabalho (como design instrucional e educomunicação); identifica a participação de todos os atores sociais no fomento à logica virtual; abre preocupações quanto à qualidade efetiva dos professores (e não diálogos políticos) e define a humildade de reconhecer que ainda não sou professora em EaD, mas estou no forno.